O nosso
Ser do Portimonense é assinar um contrato tácito de que nenhum jogo e nenhum objetivo serão conquistados tranquilamente.
Ora sofremos um golo madrugador e temos de correr atrás do prejuízo — poucas vezes com sucesso, diga-se; ora marcamos primeiro mas em seguida baixamos a intensidade, permitindo aos adversários inúmeras oportunidades para empatar/remontar; ora — mais raro mas igualmente frequente — surpreendemos tudo e todos com uma sólida vantagem de dois ou mais golos, mas a tradicional baixa de intensidade faz com que os minutos finais das partidas consistam em segurar às cordas uma vantagem tangencial. Por muito que nos doa, isto são jogos “à Portimonense”.
No entanto, e apesar de já estarmos vacinados para isto, apesar de já termos um sexto sentido para estes cenários, cá estamos nós, no rescaldo do jogo de ontem, com dificuldades em digerir uma azia que já faz parte do nosso ADN. Os jogos passam, as épocas passam, mas nunca fica mais fácil.
Durante a semana ouvimos o mister Paulo Sérgio dizer que “só” tínhamos que fazer o nosso. As coisas postas nestes termos até parecem acessíveis. Mas em Paços de Ferreira fomos iguais a nós próprios e acabámos foi por fazer o do Tondela e do Vitória FC. Agora quem tem de fazer o nosso é o Sporting.
Mas ser do Portimonense não é só assinar um contrato tácito de que nenhum jogo ou objectivo serão conquistados tranquilamente. Também é ter uma fonte inesgotável de esperança que compele os verdadeiros a não atirar a toalha ao chão, por muito tentador que seja. Também é desafiar todas as probabilidades e, às vezes, ter a sorte de alcançar o objetivo, culminando numa alegria tão grande e saborosa que faz todo o sofrimento parecer insignificante e esquecido quase imediatamente.
Até final do campeonato não cabe outra coisa aos verdadeiros adeptos do Portimonense que não seja acreditar. Se fosse fácil não era para nós.