Quem paga, assiste; quem não paga…

Depois da tentativa, rejeitada, do SC Braga em testar a presença de público nas bancadas no encontro amigável frente ao Real Valladolid, há que pensar o futuro do público nos estádios de futebol. É verdade que não é algo de extrema importância nem de primeira necessidade, até porque a ausência de público nas bancadas seria compreensível face à situação pandémica. Seria, mas deixa de ser a partir do momento em que eventos semelhantes têm tido público, com inúmeros exemplos de incumprimento de regras básicas, mas que passam ao lado dos olhos de quem manda. E nem vou entrar pelo exemplo de algumas festas… Perdão, comícios, com mais de 15 mil pessoas.
Não havendo público nas bancadas, o recurso para assistir ao nosso clube do coração é a televisão. Isto, no único país europeu que conheço que transmite uns impressionantes… Zero jogos do campeonato nacional em canal aberto. A única alternativa é a Sp*rt TV (temos que censurar, se eles sabem que usamos alguma coisa deles vêm-nos perseguir para nos bater com um pau), que são no mínimo…5? 10? 24 (!) euros mensais, valor que se pode estender até aos 60, caso não seja para uso particular (são só 720 euros anuais, coisa pouca). Quem paga, assiste, quem não paga, temos pena, não há futebol para ninguém.
Equacionemos agora o cenário hipotético de haver público, utilizando os 30% de lotação que se fala.
Destes 30%, deverão os sócios ter prioridade na aquisição dos bilhetes, afinal são sócios por algum motivo. Mais uma vez, quem paga, assiste, quem não paga, temos pena, não há futebol para ninguém. Com o número de bilhetes a ser reduzido para um terço, e aplicando uma regra económica básica, a oferta será menor para uma procura larga em relação à mesma, logo, aumenta o preço. Não que em Portimão o preço dos bilhetes seja uma queixa, apesar de 15 euros por jogo não ser para o bolso de todos, comparando a outras equipas do panorama nacional parece uma pechincha. Com os bilhetes mais caros, precisarei de repetir a lenga-lenga? Quem paga, assiste, quem não paga, temos pena, não há futebol para ninguém.
Agora recuamos até ao dia 1 de agosto deste ano. Final da Taça de Portugal, já após a interdição de público nos Estádios por parte da DGS, eis que uma das bancadas do Estádio Cidade de Coimbra estava repleta de convidados, entre eles, o sócio maioritário da SAD do Portimonense (que, pela posição que tem no futebol, terá certamente recebido o convite para lá estar).
Se já havia limitações no futebol a quem tinha pouco dinheiro, mais limitações apareceram com esta pandemia. Quando regressará tudo à normalidade? Talvez nunca.
Mas mais importante: quem paga, assiste, quem não paga, temos pena, não há futebol para ninguém.