Portimonense e a bola parada

Com o início do campeonato nacional à porta, achei pertinente analisar a relação entre Portimonense e bola parada na última temporada, aplicando também um contraste Folha-Paulo Sérgio.
Começando pela bola parada defensiva. A bola parada defensiva demonstrou-se, nas 3 mais recentes épocas de Primeira Liga em Portimão, um bicho de 7 cabeças. Foi problema com Vítor Oliveira, foi problema com António Folha e Paulo Sérgio, apesar de uma clara melhoria, não passou ao lado dos erros a defender da equipa, principalmente nos pontapés de canto.
Iniciando a comparação Folha-Paulo Sérgio, o primeiro aplicava uma clara marcação à zona que se demonstrou bastante ineficaz e deu que falar. É quase inexplicável o cenário ocorrido, ou quem é o portador da culpa mas a marcação à zona de António Folha mais parecia uma marcação homem-a-homem entre jogadores da mesma equipa. E se as más línguas falam no tal golo vendido ao Porto por estar toda a gente ao primeiro poste, os portimonenses chegaram a ver isto como pão nosso de cada dia.
Paulo Sérgio melhorou este aspeto. A explicação é fácil. Tudo começa nos princípios de atitude e raça aplicados pelo treinador Alvinegro. Notou-se mais vontade em todo o jogo do Portimonense e isso fez-se também ver na defesa da bola parada. Outro fator explicativo é uma subida clara do número de torres. Rodrigo Freitas (1’88) e Jadson (1’86), opções de António Folha foram trocados por Lucas Possignolo (1’87) e Willyan (1’93). Ricardo Vaz Tê (1’88) e Hackman (1’87) jogadores que não eram utilizados (RVT por ainda não ter chegado e Anzai foi preferido ao lateral ganês) por António Folha, foram também incluídos nesta manobra defensiva. A marcação tornou-se mais criteriosa, apesar de prevalecer a defesa à zona.
A bola parada ofensiva tem muito que se lhe diga. Nesta temporada houve um enorme aproveitamento do Portimonense neste aspeto, mas por motivos diferentes, motivos esses separados pelo treinador em questão.
Não querendo abrir acusações, está aos olhos de todos que o poderio ofensivo do Portimonense de António Folha era praticamente nulo. A equipa apresentava uma enorme dependência das bolas paradas/cruzamentos para chegar ao golo, e isso é o principal fator justificativo para Dener ser o melhor marcador da equipa na temporada. Não que o Portimonense de Folha tenha sido superior ou tenha marcado mais golos de bola parada que em temporadas anteriores, mas, por demérito, a percentagem de golos a partir deste momento de jogo aumentou significativamente. A saída de Folha e a entrada de Paulo Sérgio foi sem dúvida um acrescento, até no melhor aspeto da equipa. Se a bola parada ofensiva era o ponto forte (ou, em certas alturas, o ponto menos fraco), Paulo Sérgio conseguiu potenciar estes lances. Servindo mais uma vez como justificação o aumento da média de alturas e uma maior atitude e procura da bola, surge aqui também uma nova vertente. Paulo Sérgio colocou, em média, mais dois jogadores da área que António Folha. O regresso de Tabata da seleção e uma melhoria clara das estrelas brasileiras Lucas Fernandes e Tabata ajudaram também numa maior qualidade do cruzamento e uma maior variedade de opções. Se com Folha, a procura do primeiro poste (mais uma vez) era clara, Paulo Sérgio conseguiu com que a sua equipa cabeceasse para golo nos 3 setores da área (primeiro, segundo poste e centro). Com Dener numa temporada assertiva, um super Willyan e o acrescento de Ricardo Vaz Tê, Hackman, Lucas Possignolo e o próprio Aylton, o Portimonense marcou 9 golos de canto/livre nos 14 jogos de Paulo Sérgio.
Para a época que se avizinha há duas partes na balança. A saída do principal assistente e cobrador destes lances, Bruno Tabata, é iminente. No entanto o Portimonense adquiriu Maurício e Fabrício (ambos com 1’83, mas o primeiro com uma enorme capacidade de impulsão) e Tagliapietra (1’94). Apesar de não se perspectivar serem opção na equipa principal, pertencem também ao plantel Casagrande (1’86), Matheus Guedes (1’92), Filipe Relvas (1’92) e Jonathan (1’94).