7 sugestões para melhorar o Portimonense

1 – COMUNICAR UM SÓ PORTIMONENSE
Já sabemos que o Clube e a SAD são coisas diferentes, mas essa distinção tem uma visibilidade excessiva que apenas transmite uma separação forte entre as duas estruturas. Isto levanta a suspeita de que não têm as melhores relações entre elas (o que não será verdade, a julgar pelas manifestações públicas de apoio que a SAD tem dado à atual direção do clube).
A SAD insiste em exibir a sua marca em tudo o que investe. E é claro que tem esse direito! Mas, à falta de melhor expressão, é uma atitude que não cai bem. A SAD é uma empresa privada. Os sócios não podem votar para os seus órgãos sociais e o peso do clube é minoritário, portanto não há a necessidade de cair nas boas graças dos adeptos.
As SADs não têm adeptos, os clubes é que têm (a história recente d’Os Belenenses prova isso mesmo). Aliás, os adeptos são o património mais valioso que um clube pode ter! E todos os clubes profissionais têm SADs, mas não vemos nenhum outro clube acentuar tanto essa diferença, metendo em letras garrafais a marca Portimonense Futebol SAD em tudo o que pagou.
As pessoas sabem que os melhoramentos dos últimos anos só foram possíveis graças à SAD, mas as pessoas gostam é do Portimonense Sporting Clube, a instituição com 107 anos de história cujos antepassados ajudaram a construir. A responsabilidade de cultivar esse sentimento de pertença cabe ao clube. À SAD cabe apenas capitalizar dessa herança, usando o seu nome, cores e emblema na sua marca e comunicação. A SAD nada tem a temer: não deixará de ser uma estrutura à parte só por comunicar enquanto Portimonense Sporting Clube.
2 – TER STOCK NA LOJA
Não faz sentido ter uma loja para venda de artigos e depois não ter stock dos artigos que os adeptos mais procuram: camisolas oficiais de jogo (e respetivas estampas da Liga, nomes e números), não apenas a principal, mas as alternativas e de guarda-redes e equipamentos de treino. A SAD que encomende quantidades maiores ao fornecedor! Vende-se sempre. Se não for aos preços inicialmente previstos, façam-se épocas de saldo com as coleções anteriores. É assim que qualquer loja de roupa funciona, e por alguma razão é.
E, aproveitando a premissa do ponto 1, disponibilizem também os equipamentos do futsal, sub-23, equipa B, basquetebol, formação, andebol… Quem vai à loja no estádio não quer saber se só se vende artigos da SAD porque foi a SAD quem construiu a loja. Portimonense é Portimonense! As pessoas compram porque gostam do Portimonense. Além disso, os artigos não concorrem uns contra os outros. Quem quer comprar uma camisola oficial do futebol principal não vai levar uma do futsal por engano ou por ser mais barata. Artigos específicos têm procura específica.
A distinção entre clube e SAD está marcada até no merchandising mais mundano! Os relógios de parede têm a marca da SAD, tal como os isqueiros e os baralhos de cartas… Isto acentua claramente a posição da SAD, mas do ponto de vista comercial não faz qualquer sentido. Os clientes ficam a saber quem mandou fazer os artigos e quem lucra com a sua venda, mas, repito, as SADs não têm adeptos! Se existem de facto boas relações entre clube e SAD, então que sirvam para resolver este tipo de questões. Isto passa para fora e fica mal. Acreditem que todos os detalhes importam, por mais insignificantes que pareçam.
A loja tem um potencial incrível de receita quer para a SAD quer para o clube e ter mais diversidade de artigos, sejam eles afetos a que estrutura forem, só contribuiria para consolidar a importância do Portimonense na região e no país, objetivo comum a ambas as estruturas.
3 – MELHORAR A EXPERIÊNCIA NO ESTÁDIO
As melhorias feitas no Portimão Estádio nos últimos anos estão à vista e que ninguém da SAD pense que os adeptos não estão gratos. Mas a melhoria da experiência do adepto no estádio em dia de jogo não se faz apenas com obras caras e vistosas — até porque nenhuma das obras feitas foi para o sócio/adepto comum.
Pondo de parte a questão de que muitos portimonenses não se identificam com a equipa, ou de que o plantel não tem gente da terra… Também sei que os resultados desportivos influenciam muito o ânimo dos adeptos e o ânimo dos adeptos influencia muito a atmosfera nas bancadas.
Mas é evidente que há poucos esforços no sentido de cultivar o sentimento de pertença, o “ser Portimonense” no estádio. E nem são precisos investimentos financeiros, apenas ideias e vontade. Por que não ressuscitar a simples tradição de dizer ao intervalo nos altifalantes os resultados de todas as modalidades e escalões do Portimonense?
E o estado de sujidade em que encontramos as nossas cadeiras a cada jogo em casa? Ninguém está a pedir bancos estofados em pele de búfalo com aquecimento e massagens, mas será pedir muito que as cadeiras, sobretudo as cativas, que são bem pagas pelos sócios, sejam lavadas pelo menos uma vez por mês?
E é certo que não é permitido o consumo de bebidas alcoólicas (excepto nos camarotes) e que os (poucos!) bares/roulottes do estádio são explorados por terceiros, mas a oferta de snacks, além de muito limitada, deve bastante em termos de qualidade… O tempo dos tremoços e alcagóitas dificilmente voltará (provavelmente pelo lixo que fazia) mas aquilo que temos agora demove o consumo até do sócio mais faminto. Se quem pode fazer algo tivesse a mesma oferta, em vez dos canapés e rissóis disponíveis nos camarotes…
4 – CATIVAR SÓCIOS NOVOS E HONRAR OS ATUAIS
Isto já não é responsabilidade da SAD. É o clube quem tem o interesse e o dever de alargar a sua família de associados, até para garantir a sua continuidade no futuro. Mas a ausência de esforços nesse sentido leva à suspeita de que não interessa que o número de sócios aumente. Alguém mais desconfiado pode até sugerir que é porque menos sócios fazem menos oposição, mas vamos acreditar que o nosso presidente é apenas negligente.
Ser sócio do Portimonense não dá qualquer vantagem além do preço dos bilhetes e, quando assim é, só por milagre as pessoas se aproximam. Ver os jogos a 5€ não pode ser a razão para alguém querer associar-se ao clube, ainda para mais quando a SAD se posiciona de forma tão distante do clube. É preciso que se fomente a importância do aumento da família Portimonense, os benefícios que esse investimento traz não só para o clube mas para o próprio sócio. Já diz o ditado, não se apanham moscas com vinagre.
É prática comum em qualquer clube que se honrem os sócios pela sua antiguidade e lealdade ao clube. Pelas décadas de quotas pagas, muitas vezes com sacrifício pessoal. 10 anos de sócio, 20, 25, 30, 50 anos de sócio! Um diploma, uma medalha, uma camisola… Todos os anos, na cerimónia de aniversário de qualquer agremiação, honram-se aqueles que são a alma dos clubes, os praticantes das várias modalidades, os patrocinadores… Em todos os clubes menos no Portimonense. No Portimonense nem há cerimónia de aniversário, quanto mais…
5 – COMUNICAR EFICAZMENTE COM OS SÓCIOS E ADEPTOS
O clube tem a morada dos sócios. É certo que enviar cartas a tanta gente é uma despesa considerável. Mas o clube também tem o e-mail dos sócios. Há serviços de newsletter, alguns gratuitos. Convocatórias para assembleias gerais, regularização de quotas, eventos especiais, promoções, etc.
Se o clube não chama os sócios, se não explica por que é essencial a sua presença nos assuntos do clube, os sócios não comparecem. Haverá sempre aqueles que não podem ir ou preferem outros serões, mas no meio deste modo de fazer desleixado, muita gente acaba simplesmente por não ir porque não estava informada.
E a quantidade de cidadãos estrangeiros a viver em Portimão, ou aqui na zona, que se foi aproximando do nosso clube? Ingleses, irlandeses, escoceses, alemães… Em comum têm a cultura de apoiar o clube local, e são mais militantes que nós. Ali perto do meu lugar cativo há sempre um grupo de 10 que não falha um jogo. Mas já os vi enrascados porque os meios oficiais (sobretudo da SAD) ainda não comunicam em inglês.
E será assim tão descabido que as assembleias gerais sejam transmitidas por streaming nas redes sociais do clube? E justifica-se que a consulta das contas, dos orçamentos, dos estatutos, das listas de sócios seja tão difícil? Assim como está, não está bem. A menos que o objetivo seja manter tudo como está.
6 – APROXIMAR O CLUBE DA CIDADE
Mais uma missão que não cabe à SAD. E não é algo que dê frutos em meia dúzia de meses. É um esforço contínuo. Dá trabalho. Não é um evento ou uma ação específicos, é uma estratégia que obriga a arregaçar as mangas, a correr atrás. Não tem de ser necessariamente dispendioso, em termos de dinheiro, mas é certamente dispendioso em termos de tempo.
Mas o Portimonense é enorme e tudo é mais fácil quando as pessoas lutam em prol de um objetivo comum. Chavões do tipo “unidos somos mais fortes” só valem se forem realmente aplicados. Se a estrutura do clube não tem ninguém capaz ou disponível para esta missão, que ao menos se permita delegar, que crie um grupo de trabalho ou uma espécie de task force de voluntários. Qualquer coisa é melhor que nada.
Estamos cansados de saber que as pessoas de Portimão e dos arredores estão de costas voltadas para o Portimonense, mas o clube também não está propriamente de braços abertos para receber as pessoas.
Há que permitir que os sócios contribuam para este processo. Grande parte dos sócios e adeptos está só à espera de uma oportunidade para poder ajudar voluntariamente, apenas pelo prazer de ajudar o clube a crescer, de sentir que fazem parte de algo superior. Sócios trazem mais sócios e são este tipo de iniciativas que fortalecem o espírito de comunidade e aproximam as pessoas.
Levar todos os anos os jogadores às escolas e aos hospitais, fazer um jogo solidário por época em troca de produtos de primeira necessidade e oferecer bilhetes à comunidade escolar deveriam ser os mínimos olímpicos, não uma medida excepcional. E um clube da grandeza do Portimonense não pode contentar-se com os mínimos olímpicos.
Quando se fala numa campanha de angariação de sócios, não significa necessariamente que o ónus dessa responsabilidade caia nas mãos de um ou dois dirigentes do clube. Quando o Leixões precisou de pintar as bancadas do seu estádio, por exemplo, os sócios responderam à chamada. A primeira relva do nosso estádio foi comprada graças a rifas e iniciativas do género, e semeada pelos sócios, voluntariamente. Há por aí muita gente competente que ama o Portimonense e que ficaria feliz em poder ajudar.
7 – MELHORAR AS ESTRUTURAS AO NÍVEL DOS RECURSOS HUMANOS
Sejamos francos, os presidentes de clube e SAD só sairão desses lugares quando assim entenderem. Por razões diferentes, é claro, mas é assim que as coisas são neste momento. Como tal, e para bem do Portimonense, é mais proveitoso tentar convencê-los da importância de ter gente nova e capaz nas suas equipas do que desejar que saiam.
A SAD tem como presidente uma pessoa que claramente não tem à vontade para falar em público, que transparece esse desconforto e, em última análise, acaba por desprestigiar o trabalho da própria SAD. A meu ver, não seria descabido que contratassem um porta voz.
Mas a enorme lacuna que existe no marketing e comunicação da SAD é tão óbvia que se fosse encarada como prioritária já teria sido resolvida há muito. A este ponto, só nos cabe olhar para o trabalho desenvolvido a esse nível por qualquer outra SAD a operar em Portugal e ficarmos deprimidos. Se alguém da SAD estiver a ler isto, olhem para os nossos adversários e contratem alguém para fazer igual. Por favor.
Quanto ao clube, falta alguém capaz de mobilizar a direção e operar as sugestões aqui faladas ou outras equivalentes, sempre tendo em conta os superiores interesses do Portimonense. Contratar tem custos e a competência deve ser justamente paga, mas não acreditar que, a médio/longo prazo, os benefícios vão ser muito superiores aos gastos é ter simplesmente falta de visão estratégica, falta de competência ou então só falta de vontade. Ficam aqui as minhas 7 sugestões. Quais são as vossas?