Jackson Martínez, o herói que virou vilão
Voltamos a 12 de Setembro de 2018. Jackson Martínez é apresentado no Portimão Estádio a cerca de uma centena de adeptos do Portimonense. Na altura tinha 31 anos.
Vinha de dois anos sem pisar os relvados, mas não deixava de ser o Jackson Martínez. O mesmo que havia marcado mais de 90 golos no futebol português. O mesmo que havia jogado no Atlético de Madrid (Atleti que nessa temporada chegou à final da Liga dos Campeões).
Jackson estreia-se vindo do banco frente ao Vitória SC. Seria titular a primeira vez frente ao Sporting CP. E com uma a braçadeira de capitão no braço, para surpresa dos que assistiram ao encontro. Uma jornada depois na Madeira, marca de cabeça, ajoelha-se e chora. O golo é anulado. Apenas uma jornada depois abriria o livro, de grande penalidade, frente ao Belenenses SAD. A partir daí foram 9 golos na Liga NOS, acabando como o melhor marcador da equipa. O nome de Jackson Martínez metia olhos nos jogos do Portimonense, e em campo, o craque colombiano correspondia. As limitações físicas existiam, eram claras, mas não impediam Jackson de detalhes maravilhosos e de finalizações apenas ao alcance dos matadores natos.
Inicia-se a temporada 2019/2020 mas Jackson parece amaldiçoado. 5 jogos para marcar o primeiro, na Taça de Portugal, frente à Académica. Mais 7 jogos para Jackson marcar, de grande penalidade, frente ao Sporting, em jogo a contar para a Taça da Liga. 4 jogos depois havia de fazer o gosto ao pé mais uma vez. A vítima foi a mesma, no entanto mudava a competição. Desta feita, estreou-se a marcar na Liga NOS. Foram precisos 15 jogos e 35(!) remates para o fazer.
Se a época corria mal, duas jornadas depois, o verdadeiro descalabro. Foi no Dragão, frente a FC Porto. Depois de um cabeceamento ao lado em boa posição, o avançado colombiano conquista uma grande penalidade. Assume a marcação. Bola por cima. Esqueçam a conversa do Jackson estar vendido, ou não querer marcar ao Porto. Esqueçam todas as teorias da conspiração (a grande maioria criada por adeptos de clubes que foram prejudicados pela conquista dos 3 pontos do FC Porto). Não é o primeiro penalty que o Jackson falha em Portimão. Mas a verdade é que, tendo em conta o contexto, tanto do jogo, como do Portimonense, assim como o próprio adversário em questão, o Jackson não podia ter falhado aquele penalty. O Portimonense não podia ter falhado aquele penalty.
A derrota chegaria. Jackson perdeu o respeito de muitos adeptos. A confiança de alguns, mas acima de tudo, a confiança nele mesmo. Jogou mais 7 jogos e passou em branco em todos eles.
Deve estar de saída. O próprio tornozelo não dá para mais. Em Portimão foram 12 golos.
A questão agora fica. Como se lembrarão de Jackson Martínez daqui a 20 ou 30 anos? Como o craque mundial que assinou pelo Portimonense, ou pelo avançado que não marca? Só o tempo dirá.