Mizuno
Numa altura em que praticamente todos os clubes apresentam os novos equipamentos para a época 2020/21, achei pertinente escrever um pouco sobre a Mizuno.
Chegou a Portimão em 2014, presumivelmente graças à crescente influência que Theodoro Fonseca ia ganhando na recém-criada SAD, e foi uma das novidades do ano do centenário, substituindo a Macron (usada entre as épocas 2010/11 e 2013/14) no que toca à equipa sénior.
Apesar de bastante conceituada na área das artes marciais, a marca de vestuário e calçado desportivo japonesa era, no futebol nacional, praticamente desconhecida — ainda hoje, passados 6 anos, o Portimonense é, salvo erro, o único clube de futebol português a representá-la.
Mas nem tudo é positivo, naturalmente. Se nos primeiros anos, época após época, foram sendo apresentados novos modelos de equipamentos principais e alternativos (como o modelo das listas pretas crescentes de 2014/15 ou o modelo insólito das listas pretas e beges de 2015/2016) desde a época da subida à I Liga que não se registam novidades. Apenas o patrocinador principal mudou (de McDonald’s Portimão para Ceremony TV).
À estagnação dos modelos 3 épocas consecutivas, alia-se o facto de raramente haver stock disponível na loja. A situação chegou a tal ponto que a própria SAD começou a comercializar réplicas das suas próprias camisolas. Uma opção bem-vinda para quem tem menos posses para comprar uma camisola oficial, pois custam metade do preço, no entanto, não deveria passar disso mesmo: uma opção, uma opção entre outras opções. Mas o que se verifica é que esta é a única opção. Conseguir uma camisola oficial do Portimonense é ainda mais difícil que ver a equipa controlar uma vantagem no marcador sem provocar ao adepto múltiplos ataques cardíacos. Mesmo quando, uma vez por ano, os equipamentos novos chegam à loja, o stock esgota em poucas semanas. Será que a Mizuno sabe que isto é assim cá em Portimão? Não terá a marca japonesa interesse em vender o máximo de produtos possível, ou o acordo com a Portimonense SAD assenta em moldes que não conhecemos?
É certo que o Portimonense não tem uma dilatada massa adepta e que, como tal, a venda de equipamentos e merchadising do clube representa um encaixe financeiro quase irrelevante quando comparado a direitos de transmissão televisiva, vendas de jogadores ou outros patrocínios, mas por muito poucos que sejamos, o investimento da construção e abertura da loja não justificaria uma robustez maior nos stocks e na diversidade dos produtos? Às vezes dá a ideia de que o adepto não é muito tido em conta aos olhos da SAD.
Vá lá, Sr. Theo. Para poder vestir a camisola do Portimonense é preciso que elas existam, que sejam vendidas em vários tamanhos, bem como os modelos alternativos e de guarda-redes, calções e meias. E casacos, corta-ventos, calças de fato-treino, equipamentos de treino e roupa casual. Na loja que merecemos também há lugar para as réplicas, mas que o produto vendido seja o clube e não o seu modelo de gestão.
É preciso que os nossos mantos sagrados respeitem a centenária história do clube, que todas as épocas haja novos modelos e que sejam apresentados aos sócios e adeptos num evento com a dignidade que o Portimonense merece. Se há clubes de dimensão inferior a fazê-lo (sobretudo lá no norte), não acredito que isto seja pedir de mais.